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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O VESTIDO VERMELHO


     Vinte e dois de outubro de 2009 ficará para sempre na memória da estudante de Turismo Geisy Arruda, de 20 anos. Nesse dia, a jovem foi hostilizada e humilhada por cerca de 700 alunos da Uniban (Universidade Bandeirante), localizada em São Bernardo do Campo, São Paulo. Em coro, os rapazes chamaram-na de vagabunda e ameaçaram estuprá-la. Tudo porque eles teriam desaprovado o vestido vermelho que a universitária vestia. Geisy teve que sair do campus às pressas escoltada por policiais. O episódio foi parar na internet e acabou ganhado as manchetes dos principais meios de comunicação do mundo que ridicularizaram o tumulto visto como retrógado, preconceituoso e machista.
      Segundo os colegas de classe, Geisy já tinha sido avisada inúmeras vezes que seus trajes eram impróprios para o ambiente acadêmico (a maioria dos alunos costuma usar camiseta básica e calça jeans). Parece que os conselhos não adiantaram muito: a estudante persistia em vestir roupas curtas e sensuais “para provocar os homens, ‘matar’ de inveja as mulheres e chamar a atenção dos professores e funcionários”, relata um aluno que não quis se identificar. Até os seguranças da universidade debochavam das vestimentas que ela escolhia para assistir às aulas – algumas roupas pareciam mais apropriadas para uma “balada”.
      Mas será que as mulheres já não conquistaram o direito de vestir-se como desejam? Pelo menos na Uniban, ficou claro que ainda há muita discriminação em relação à cor da roupa, ao tamanho da saia e ao modelo do traje, principalmente se ele for usado por uma loira bonita. Essas questões deveriam ter sido banidas com o fim da ditadura militar brasileira (1964 – 1985). Para não deixar resquícios num futuro próximo, o mínimo que a Universidade Bandeirante deveria fazer seria abrir uma sindicância para punir os culpados por assédio moral e vandalismo.
          Contudo, a instituição de ensino preferiu responder as críticas com anúncios pagos nos jornais de São Paulo nos quais afirma que a aluna havia demonstrado" uma falta de respeito à dignidade acadêmica" e que a reação dos estudantes havia sido uma "reação coletiva de defesa do ambiente escolar". O Ministério da Educação não gostou da nota e pediu explicações no prazo de dez dias. Enquanto isso, os advogados da vitima entraram na justiça com um pedido de indenização por danos morais. Geisy aproveita a fama conquistada para aparecer nos programas de auditório e faturar um “dinheirinho”. Convites não vão faltar para vê-la sem roupa nas revistas masculinas. O fato é que ela está sendo bem assessorada para aproveitar o momento celebridade.

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