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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

PRATICAS EDUCOMUNICATIVAS NAS ESCOLAS

Por Eduardo Girão
A existência da tecnologia na rotina do povo brasileiro é um fato que merece nossa atenção. Segundo o Comité Gestor da Internet no Brasil (2010), 98% das residências brasileiras possuem TV; 86%, rádio; 1/3, computador; 26%, internet em casa. De acordo com vários depoimentos no Wave Festival 2009, ficamos mais de 24 horas/mês na web. Os 145 milhões de internautas nacionais passam, por semana, sete horas lendo notícias, três horas assistindo a vídeos, 11 horas em programas de mensagem instantânea (Skype e MSN) e 60% estão em redes sociais, principalmente no Orkut e Facebook.
Em 2008, a pesquisa “O futuro da mídia”, do Deloitte e Harrison Group (Deloitte, 2009:4-10) com pessoas das gerações Y (14-25 aos), X (26-42 anos), baby boom (45-61 anos) e madura (62-75 anos), confirma a dominância dos jovens nesses meios, sendo que para 81% o computador superou a televisão como fonte de entretenimento: jogos são importantes formas de diversão para 58% dos entrevistados e 83% produzem seu próprio conteúdo usando programa de edição de fotos, vídeos e músicas.
Numa época onde a vida dos jovens se faz presente em torno da tecnologia, a escola precisa estar atenta às mudanças ocorridas na sociedade e aprender a usufruir das novas possibilidades de comunicação sem deixar de lado o conhecimento científico adquirido. Um dos desafios dos docentes hoje é unir o processo pedagógico às inovações tecnológicas na tentativa de diminuir a distância entre professores e alunos.
É nesse cenário que um novo campo teórico-prático começa a ser observado, o da educomunicação:
No espaço educativo, a gestão da comunicação deve tratar do planejamento, execução e realização de procedimentos e processos que criam ecossistemas comunicativos a fim de aproveitar o espaço escolar para o exercício do livre fluxo democrático da informação, além de preparar os estudantes para uma leitura crítica dos conteúdos disseminados pelos meios de comunicação de massa. Mas as práticas educomunicativas vão muito além de capacitar seus atores a uma análise crítica da mídia. Mais do que isso, incentivam o “protagonismo infanto-juvenil”, ou seja, o educando passa a ser ator principal de seu próprio processo de desenvolvimento intelectual. Nessa perspectiva, o aluno passa a atuar diretamente na construção de processos comunicativos na escola e com a comunidade escolar de entorno (MAROS; SCHMIDT; MACIEL, 2010, p. 2-3).
Experiências bem sucedidas entre a Comunicação e Educação podem apontar um caminho na diminuição dos índices de evasão, reprovação e violência escolar. O educador Paulo Freire (apud FERRARI, 2009, p.2) criticava a ideia de que ensinar é transmitir saber, porque para ele a missão do professor era possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. O autor da pedagogia do oprimido defendia como objetivo da escola ensinar o aluno a “ler o mundo” para poder transformá-lo. Paulo Freire (apud MAROS; SCHMIDT; MACIEL, 2010, p. 2) alertava para “a necessidade de enxergar a comunicação como elemento fundamental no processo educativo, pois é ela que transforma seres humanos em Sujeitos”.
Acredita-se que ao realizar ações simples como instigar o senso crítico dos alunos com exibição de filmes ou incentivá-los a criar conteúdos (textos, vídeos, fotos) para postagem no blog escolar, entre outras práticas, esse profissional - ainda pouco conhecido nas escolas públicas cearenses –, chamado de educomunicador, possa contribuir para a formação dos estudantes.
Entretanto, a questão requer um estudo mais profundo, obriga a pensar uma trama nova de territórios, atores, contradições e conflitos. É fundamental pesquisar sobre as ações educomunicativas realizadas nas escolas para que se possa trazer a tona novos procedimentos e coletas de explicação da realidade como também entender uma série de tendências sociais, políticas e científicas que merecem ser discutidas. É preciso considerar que a educação que despreza os conhecimentos reunidos à tecnologia estará frustrando as expectativas de qualquer educando que tenha por objetivo maior sua formação, consequentemente servir à sociedade.

Fontes Bibliográficas

DELOITTE. Redes de um mundo mais completo. Mundo Corporativo, n.24. abr./jun.2009. Disponível em: . Acesso em: 08 out. 2011.

FERRARI, Márcio. Jean Piaget: o biólogo que pôs a aprendizagem no microscópio. Nova Escola, São Paulo, jul. 2008. Edição especial grandes pensadores. Disponível em: . Acesso em: 10 out. 2011.

MADEIRA, Fernando. M&M online – Podcast – Terra. 13 de maio 2009. IN: Cobertura do Wave Festival. Disponível em: . Acesso em: 1 out. 2009.

MARINHO, L. Alberto. Comité Gestor da Internet no Brasil – Revista Gol ed. Mai 2010/col. p. 130.

MAROS, Cristine; SCHMIDT, Patrícia; MACIEL, Marília Crispi de Moraes. Contribuições da educomunicação para a escola como espaço de comunicação participativa e de educação dialógica. POIÉSIS – Revista do Programa de Pós-graduação em Educação – Mestrado – Unisul, Tubarão, v.3, n.5, p.29-45, já./jun. 2010.

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