Páginas

segunda-feira, 4 de julho de 2011

ANTÔNIO BANDEIRA: AMAZONAS GUERREANDO


Antônio Bandeira
Amazonas Guerreando
1958
Óleo sobre Tela
89,0 x 146,0 cm


2.
Elemento Visual

Pintura marcada por fortes espatuladas fazendo uma correspondência entre realidade e abstração. São gestos, muitas vezes, firmes, rápidos e curtos - únicos que se multiplicam de forma singular por toda a obra em diversas direções, espessuras, formatos, tamanhos, cores. Neste caso, seria fora do contexto reproduzi-los uniformemente.
Antônio Bandeira preenche a tela como um todo, não deixando espaços vazios. Apenas sobressaindo alguns mais do que outros. Vejo algumas espatuladas vermelhas demarcando (rodeando) o espaço pictórico, as mesmas cores também estão presentes em outros lugares. É como se elas quisessem chamar a atenção para as imagens centrais do quadro. Também há espatuladas azuis, verdes, amarelas, pretas, brancas e cinzas, sendo que as essas últimas formam um campo aberto (plano de fundo) para que as outras possam se sobressair.
Algumas vezes, as cores ficam sobrepostas umas sobre as outras principalmente o azul e o verde que, por sinal, se destacam. O amarelo pontua alguns momentos e a cor preta forma figuras que beiram a realidade: círculos (será discutida na interpretação).
As linhas (algumas suaves, outras nem tanto) estão tanto na horizontal quanto na vertical, cada uma simboliza uma força impar de expressão. Horizontais, imobilidade; verticais, instabilidade. Já as linhas diagonais podem ser consideradas dinâmicas, dando ideia de movimento e ação. Juntas, as espatuladas e linhas ajudam a equilibrar, enriquecer, dinamizar a composição.
Antônio Bandeira soube a hora certa de parar, em Amazonas Guerreando não há linhas supérfluas, o que prejudicaria o trabalho. Mesmo nesse quadro não figurativo, é possível entender os elementos visuais e chegar a uma interpretação. Esse contraste entre dinamismo e estabilidade reforça a tensão, cria conflitos e ritmos, enriquecendo o conteúdo expressivo da obra. A clareza do pintor é reconhecida pelas linhas, cores, contrastes, superfície e ritmos, tudo isso não passa despercebido.
Em relação à superfície, os círculos, por exemplo, não são mais do que linhas presas no fluir do tempo. Com isso, são elementos considerados de carácter mais estático do que dinâmico. Antônio Bandeira também produz outras formas não geométricas, irregulares, sinuosas, pontudas com as espatuladas e ajuda das cores (maioria primária). Na verdade, o pintor lida com uma infinidade de combinações intermediárias de superfícies nem totalmente fechadas nem abertas, alterando tudo ao redor e formando novas feições.
Em Amazonas Guerreando, O artista consegue imprimir certo grau de volume, consequentemente profundidade. Ao interligar as linhas horizontais, verticais e diagonais e superfície, ele produz imagens as quais refletem novas dimensões - algumas bidimensionais. Há uma transformação constante dos elementos visuais (importante para reverter os aspectos estáticos), cada um pode ser transformado em outro, visto como componente de um novo elemento.

Há todo um caminho a ser percorrido: linha, superfície, volume. É bom deixar claro que nenhum elemento perde sua identidade no contato com outro. As escolhas conscientes ou não do artista possibilitam inclusive criar pontos de fuga, afunilando nosso olhar para o centro da tela. Para isso, basta seguir as espatuladas coloridas. Vindas de todas as direções, elas parecem convergir e unir-se no horizonte.
Na obra do artista, por mais que haja um contraste entre claro e escuro (espatuladas brancas em contraste com as coloridas), o elemento formal seria a superfície e não a luz. Não há nessa obra, um avanço/recuo entre claro e escuro. Porém, é necessário ser dito que as linhas, superfícies, volumes, tonalidades de cor foram elaboradas consistentemente em valores claros e escuros. Com elas, o movimento pulsante da luz pode ter sido orientado para determinadas direções favorecendo o plano pictórico.
Há algumas semelhanças e contrastes no quadro Amazonas Guerreando. Exemplo: as espatuladas, independentemente da cor, introduz uma sequencia rítmica, mais lírica. Quando comparadas às linhas e aos círculos formam contrastes, o caráter dramático da obra. Esses contrastes significam as tensões espaciais. Essas diferenças podem ser vistas na direção das linhas, na escolha das cores (vermelho versus verde), etc. É através desses contrates que se podem visualizar as figuras, concentrando nossa vista em certos lugares e criando focos de tensão espacial em outros. Por mais que se tenha um emaranhado de elementos visuais, Antônio Bandeira nos guia por percursos repletos de dramaticidade, os quais sem as repetições não teriam a mesma força.

Direções Espaciais

O espaço proposto na tela por Antônio Bandeira tem muitas imagens criadas pelo autor inspiradas em seu mundo - único. São expressões carregadas de emoções, mesmo nas formas geométricas como os círculos.
O leitor começa a enxergar a obra da esquerda para a direita, de cima para baixo (movimentos sinuosos) até chegar ao canto inferior direito. A porta de entrada é uma espécie de introdução seguida de desenvolvimento, clímax e conclusão - nem sempre essa ordem é seguida.
A pintura se espalha horizontalmente pelo espaço pictórico. Em Amazonas Guerreando, até para os menos observadores é possível ver as mulheres em combate com seus cavalos e lanças retratadas, é claro, de forma abstrata. A batalha se espalha pela tela como uma explosão de vida e morte. Todas as formas do espaço enchem-se de conteúdos expressivos, existenciais, que se elaboram espontaneamente diante dos nossos olhos.
As direções espaciais dão um equilíbrio ao quadro contrabalançando a parte inferior com a superior. O peso e densidade da parte inferior são suavizados com imagens construídas acima em quantidades significativas. Se dividíssemos a tela pela metade com um giz, as imagens criadas abaixo do centro visual perceptivo se repetiriam também acima do mesmo como se fossem um espelho d´água - claro que obedecendo as singularidades das linhas que nunca se repetem e sabendo que as imagens abaixo tem um peso maior, pois são mais densas, e as acima, mais leves, flutuantes. Isso também não quer dizer que os lados sejam iguais, por mais simétricos que sejam.
Uma observação é importante ser dita: ao colocar o quadro de cabeça para baixo, percebemos que o equilíbrio interno da obra seria destruído. Essa experiência demonstrou que, mesmo que se trate de formas abstratas, não foi possível virar a composição de ponta cabeça, porque perdeu a essência, o sentido, desequilibrou o espaço pictórico.

Técnica

Antônio Bandeira utilizou pintura a óleo que é uma técnica artística que trabalha com tintas a óleo, aplicadas nesse caso com pincéis e espátulas sobre uma tela de tecido (89,0 x 146,0 cm).
Não se sabe ao certo o motivo pelo qual optou em trabalhar com tinta a óleo. O que se sabe é que a grande vantagem da pintura a óleo é a flexibilidade, pois a secagem lenta da tinta permite ao pintor alterar e corrigir o seu trabalho constantemente. E Antônio Bandeira era um expecte em deixar a tinta escorrendo sobre a tela em várias posições para que novas imagens fossem criadas ajudando assim a formar sua composição abstrata.
A pintura a óleo é conhecida também pela versatilidade que oferece ao artista conferindo resultados nas técnicas tradicionais (como a mistura cromática e o brilho). Ainda há uma abrangência de cerca de 100 cores de um elevado nível de pigmentação intenso com ótimas propriedades de pintura.

3.
BIOGRAFIA


Antônio Bandeira
Poeta, Desenhista, gravador e pintor
Fortaleza, 1922 - Paris, 1967


Antônio Bandeira é um dos poucos artistas cearenses que tem suas obras expostas nos principais museus do mundo. O reconhecimento da crítica internacional por seu talento fez com que fosse respeitado e admirado entre os conterrâneos e apreciadores das artes plásticas. Levou para Paris, o melhor da “terra do sol”: as cores e as lembranças da infância entre árvores, flores, nuvens, redes de dormir, ruas. Enfim, a natureza áspera da Região Nordeste tão encravada em sua existência.
Pintor e desenhista cearense (26/5/1922 - 6/10/1967). Pioneiro do abstracionismo informal na pintura brasileira. Nasce em Fortaleza e começa na pintura como autodidata, no início da década de 40. É um dos fundadores do Centro Cultural Cearense de Belas Artes, juntamente com Clidenor Capibaribe, Barrica (1913) e Mário Barata (1915-1983), mais tarde Sociedade Cearense de Artes Plásticas (com Inimá de Paula, Aldemir Martins, João Maria Siqueira e Francisco Barbosa Leite), no qual participa de coletivas e faz a primeira exposição individual, em 1942.
Muda-se para o Rio de Janeiro em 1945. No mesmo ano mostra seu trabalho na então capital federal e ganha uma bolsa do governo francês para estudar em Paris na Escola Superior de Belas Artes e na Académie de La Grande Chaumière.
Lá, forma com Camille Bryen (poeta e pintor francês) e Wols (fotógrafo e pintor alemão) o grupo Banbryols. Independente, pouco afeito à disciplina, com ideias próprias que tencionava desenvolver, Bandeira romperia com o ensino tradicional, juntando-se a Wols e Bryen e dando origem ao grupo Banbryols - iniciais dos nomes dos três pintores. O grupo duraria de 1949 a 1951, quando Wols morre.
Depois de uma fase de paisagens expressionistas, pinta formas abstratas, seguindo o movimento que começa a crescer nas artes. Em 1950 volta ao Brasil, onde fica até 1954. Nesse período expõe na Associação Brasileira de Imprensa (1951) e no Museu de Arte Moderna de São Paulo (1951 e 1953). Participa ainda do Salão Nacional de Arte Moderna, em 1952 e 1953, e das bienais de São Paulo de 1953, 1955 e 1959. Na década de 50 e início da de 60 realiza outras mostras individuais e coletivas no Brasil e em muitas cidades europeias e estadunidenses como Veneza, Londres, Viena, Nova Iorque e outros centros culturais.
É considerado um dos mais valorizados pintores brasileiros, e tem obras nas maiores coleções particulares e museus do Brasil e do mundo.
Volta a Paris em 1965, onde permanece até sua morte, vítima de uma cirurgia de extração de amígdalas. O crítico Frederico Morais escreveu a seu respeito: "(...) Acho definitiva, para a compreensão de sua obra, esta afirmação: ´Nunca pinto quadros. Tento fazer pintura´.”

Contextualizar Técnica no Ambiente de Aprendizado e Possibilidades da Região onde o Artista estava Inserido

Infância - Quando criança, Antônio Bandeira brincava em torno de árvores frondosas. Na fundição de seu pai aprendeu a misturar os tons das cores vendo ferro e bronze serem derretidos. Depois, a família contratou uma professora de pintura para que o jovem pudesse aperfeiçoar seu talento. Até então, Bandeira aprendera a retratar paisagens em aquarela - técnica de pintura, muito utilizada por iniciantes, na qual os pigmentos se encontram dissolvidos em água.
Quando viajou à Paris para estudar na Escola de Belas Artes, Bandeira amadureceu como artista e pessoa. Vivenciou os Anos Dourados em um dos centros urbanos e culturais mais modernos da época. Fez amizade com os artistas Wolf e Camille Bryen - juntos fundaram o grupo Banbryols. O encontro o impulsionaria para o abstracionismo lírico e informal, em que se inspirava no instinto, no inconsciente e na intuição para construir uma arte imaginária ligada a uma "necessidade interior"; tendo sido influenciado pelo expressionismo, aparece como reação às grandes revoluções do século. O grupo realizou apenas uma exposição, em 1949, na Galerie des Deux-Iles, em Paris, o suficiente para influenciar Bandeira nas novas experimentações estéticas impulsionadas pela tradição modernista pregressa.
Bandeira foi influenciado também por filósofos, escritores, enfim, pela intelectualidade presente da época: Manuel Bandeira, Sartre, Pietro Bardi, Freud, Carlos Drummond de Andrade e Jorge Amado. Em Paris, teve contato com várias correntes estilísticas (Fauvismo, Cubismo, Expressionismo, Surrealismo) e obras de renomados artistas (Van Gogh, Gauguin, Picasso, Paul Klee). Essa miscelânea de conhecimento possibilitou Bandeira desenvolver um estilo, considerado por muitos críticos, único. A dúvida que fica é: caso tivesse permanecido em Fortaleza teria tido tanto sucesso? Talvez o talento do jovem Bandeira não tivesse chegado tão longe, por exemplo, nos museus mundo afora. As possibilidades artísticas no Ceará não eram tantas, apesar da criação da Sociedade Cearense de Artes Plásticas – SCAP, o mercado de artes nacional ainda se concentrava no eixo Sul e Sudeste brasileiro.

O que estava Acontecendo no Lugar onde a Obra Amazonas Guerreando foi Criada

HISTÓRIA POLÍTICA

No Ceará, durante a década de 1950, surgiram ou se fortaleceram vários dos maiores grupos econômicos do Estado: Otoch, J. Macêdo, M. Dias Branco e Edson Queiroz. Paulo Sarasate foi o terceiro governador eleito no período. Também tem início uma onda migratória para vários estados e regiões do sul-sudeste. Entre 1950 e 1960, o estado decaiu a taxa de representação da população brasileira, de 5,1% para 4,5%. Em 1952, o Governo Federal inaugurou oficialmente o Porto do Mucuripe. Em seu entorno foram instalados usinas termoelétricas para abastecer a cidade de Fortaleza. Em 1955, a cearense Emília Barreto Correia Lima foi eleita Miss Brasil.
Em 1950, o Brasil recebe a Copa do Mundo de Futebol. Apesar de perder a final para o Uruguai, por 2 a 1, coloca o país definitivamente em destaque no cenário internacional, deixando como legado o Estádio do Maracanã, o maior da nação.
Ainda em 1950, o maior comunicador brasileiro do século XX, Assis Chateaubriand, inaugurou a TV Tupi São Paulo. Nesse ano, Getúlio Vargas foi mais uma vez eleito presidente, desta vez pelo voto direto. Em seu segundo governo foi criada a Petrobrás. Porém, Getúlio não conseguiu conduzir tão bem o seu governo, pressionado por uma série de eventos, em 1954, comete suicídio dentro do Palácio do Catete. Assume o vice-presidente, João Fernandes Campos Café Filho.
Em 1955, Juscelino Kubitschek foi eleito presidente, ainda que tenha enfrentado tentativas de golpe. Seu governo caracterizou-se pelo chamado desenvolvimentismo, doutrina que se detinha nos avanços técnico-industriais como suposta evidência de um avanço geral do país. O lema do desenvolvimentismo sob Juscelino foi 50 anos em 5. Em 1960, Kubitschek inaugurou Brasília, a nova capital do Brasil.
Já em 1961, Jânio Quadros assumiu a presidência, mas renunciou em agosto do mesmo ano. Jânio pregava a moralização do governo e fez um governo contraditório: ao lado de medidas polêmicas (como a proibição de lança perfume e da briga de galo), o presidente condecorou o revolucionário argentino Ernesto Che Guevara. Com a condecoração, Jânio tentava uma aproximação com o bloco socialista para fins estritamente econômicos, mas assim não foi a interpretação da direita no Brasil, que passou a alardear o pânico com a "iminência" do comunismo.
O vice-presidente João Goulart, popularmente conhecido como "Jango", assumiu a presidência, após uma crise política: os militares não queriam aceitá-lo na presidência, alegando o "perigo comunista".
Em 1963, entretanto, João Goulart recuperou a chefia de governo com o plebiscito que aprovou a volta do presidencialismo. João Goulart governou entre 1961 e 1964, quando se refugiou no Uruguai deposto pelo Golpe Militar de 1964.
No seu governo houve constantes problemas criados pela oposição militar, em parte devido a seu nacionalismo e posições políticas radicais como a do Slogan "Na lei ou na marra" e "terra ou morte", em relação à reforma agrária.

ANOS DOURADOS

A década 50 ou simplesmente Anos dourados é considerada uma época de transição entre o período de guerras da primeira metade do século XX e o período das revoluções comportamentais e tecnológicas da segunda metade, como por exemplo, a chegada da televisão no Brasil pelas mãos do empresário Assis Chateaubriand. Foi considerada também a "idade de ouro" do cinema e a época de importantes descobertas científicas como DNA.
Foi na década de 50 que o Brasil começou a se modernizar. A imprensa falada ganha corpo com o radio levando informação aos mais remotos rincões, o mundo passa por uma efervescência cultural atingindo o Brasil com uma intensa movimentação tanto na música quanto no cinema, teatro, sendo a Bossa Nova um grande exemplo desses movimentos. O país engatinha a caminho da modernização, passando de país agrário, com a maior parte da população morando no campo a caminhar para a industrialização com a população migrando do campo para as cidades proporcionando um grande crescimento destas e se urbanizando. Caracterizaram-se por uma profunda modificação na sociedade brasileira.
Nesta década o Brasil inicia os primeiros passos para entrar no caminho do desenvolvimento econômico. Foram anos de intensa movimentação política culminando com a chegada de Juscelino à presidência, prometendo modernizar o Brasil. Seu grande feito que o projetou para história foi a construção de Brasília a nova capital. A novidade governamental foi seus planos de metas, prometendo governar 50 anos em 5. O populismo impera com governantes portadores de grande apelo popular. Os grupos sociais começam a se organizar em associações, sindicatos e partidos dando o chute inicial do que seriam as grandes mudanças ocorridas nos anos 60.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos se firmaram como a maior potência do mundo capitalista. Entretanto, a situação de crise econômica enfrentada pelos países europeus, poderia se tornar uma ameaça à prosperidade norte-americana, já que um grande mercado consumidor fora arrasado pela guerra. No cenário da Guerra Fria, o consumismo norte-americano era considerado a melhor forma de afastar o “perigo comunista”.
A partir da década de 50, a emergente sociedade de consumo passou a abarcar um novo mercado com o surgimento a cultura jovem. A cultura da juventude, apesar de tender à insatisfação e revolta com os valores mais arcaicos da sociedade ainda era um tanto in-gênua no seu surgimento. Era ligada ao fenômeno do rock’n’roll que, apesar de chocante para os padrões morais da época, não era politicamente engajado, falando sobre carros e relacionamentos amorosos. A cultura jovem brasileira dos anos 50 sofreu uma influencia direta dos Estados Unidos, pois nessa época o Brasil havia entrado na onda da industrialização permitindo, com a política desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek, que a cultura estrangeira se incorporasse à cultura nacional, propiciando o surgimento de novos movimentos como a bossa nova.
Foi somente a partir dos anos 60 que a juventude se mostrou mais engajada e politizada. A guerra do Vietnã e os movimentos negros motivaram os jovens a lutar pela transforma-ção da sociedade. Esse quadro político e social propiciou o aparecimento da canção de protesto, mas, ao mesmo tempo houve a ascensão do rock britânico através de bandas como os Beatles e os Rolling Stones.

Principais acontecimentos dos Anos 50 no Mundo

Esportes
• Realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil, em 1950. O Uruguai sagrou-se campeão após vencer a seleção brasileira, em pleno Maracanã, pelo placar de 2 a 1.
• A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) organiza o primeiro Campeonato Mundial de Formula 1, em 1950.
• Em fevereiro de1951, começam os primeiros Jogos Pan-Americanos. O evento esportivo ocorre na Argentina.
• Realização das Olimpíadas de Helsinque na Finlândia (1952).
• A Alemanha torna-se campeã da Copa do Mundo de Futebol na Suíça (1954).
• Juan Manuel Fangio torna-se bicampeão mundial de Formula 1.
• Em 29 de junho de 1958, o Brasil torna-se, pela primeira na história, cam-peão da Copa do Mundo de Futebol. O evento ocorreu na Suécia.

Ciência e Tecnologia
• Em 1957, o Sputinik II coloca em orbita da Terra o primeiro ser vivo, a cadela Laika.

Comunicações
• A TV Tupi, inaugurada em setembro de 1950, é o primeiro canal de televi-são da América Latina.
• Lançamento do primeiro satélite, o Sputinik I (1957).

Guerras e Conflitos
• Começa a Guerra da Coréia em 25 de junho de 1950. A guerra termina em 27 de julho de 1953.
• Em plena Guerra Fria é assinado, em 1955, o Pacto de Varsóvia (tratado de defesa militar que envolvia os países socialistas do leste europeu, coman-dados pela União Soviética).
• Em 1959, ocorre a Revolução Cubana. O líder da revolução, Fidel Castro, torna-se presidente de Cuba.
• Começa, em 1959, a Guerra do Vietnã.

Cultura e Arte
• No dia 20 de outubro de 1951, é inaugurada a I Bienal Internacional de Arte de São Paulo. O evento é constantemente responsável por projetar a obra de artistas internacionais desconhecidos e por refletir as tendências mais marcantes no cenário artístico global: é considerada um dos três principais eventos do circuito artístico internacional, junto da *Bienal de Veneza.

Política

• Em 6 de fevereiro de 1952, Elizabeth II torna-se rainha da Inglaterra.
• Em 24 de agosto de 1954, ocorre o suicídio do presidente do Brasil Getúlio Vargas.
• Em 16 de setembro de 1955, um golpe militar na Argentina tira do poder o presidente Juan Perón.
• Em outubro de 1955, Juscelino Kubitschek (JK) é eleito presidente do Brasil.

Economia

• Criação da empresa estatal Petrobrás, em 1953.
• Assinado o Tratado de Roma, em 1957, estabelecendo a Comunidade Eco-nômica Européia (CEE).

Música
• Com muito rock e um estilo dançante, Elvis Presley começa a fazer sucesso em 1956.
• O estilo musical brasileiro Bossa Nova começa a fazer sucesso. Os maiores representantes deste movimento foram: Tom Jobim, Vinícius de Morais e João Gilberto.
• No final da década de 1950, é formada a banda de rock Beatles.

Citar Três Artistas Contemporâneos de Antônio Bandeira e Estabelecer uma Ligação entre Obras. Utilizar Capítulo: Correntes Estilísticas para Definir os Estilos


Criada em Fortaleza, em 1944, a Sociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP (origem remete ao CCBA - Centro Cultural de Belas Artes) tem papel destacado na afirmação da arte moderna no Ceará e também por estabelecer uma parceria entre os mais reno-mados artistas plásticos nascidos no Estado: Antônio Bandeira, Aldemir Martins, Inimá de Paula (1918 - 1999), Mário Baratta, Barrica (1913 - 1993), Jean-Pierre Chabloz (1910 - 1984) e Raimundo Cela (1890 - 1954). Além de ter revelado novos talentos, o Centro Cul-tural consolidou expressões locais, e constituiu um importante espaço para a promoção dos artistas da região fazendo um intercâmbio com os de outros estados.
A tradição paisagística inaugurada pelos pioneiros é retomada nas obras de Mário Barat-ta, Barrica e Barbosa Leite (1920 - 1997), fiéis ao figurativismo. Inimá de Paula combina a paisagem com retratos, vistas urbanas, marinhas e naturezas-mortas. Próximo a Candido Portinari (1903 - 1962), que o auxilia na execução do grande painel Tiradentes, hoje no Memorial da América Latina, em São Paulo. A estada em Paris (de 1952 a 1956) dá lugar a trabalhos que caminham para a abstração. Mas, após curta passagem pelo abstracionismo, o pintor Inimá volta às figuras e, sobretudo, às paisagens.
Aldemir Martins é talvez o nome mais popular do grupo, em função dos materiais gráficos que produz (capas de livros, discos e ilustrações) e dos objetos utilitários (joias e embala-gens) que levam sua assinatura por meio dos desenhos. Sua obra mobiliza um amplo repertório de temas e figuras do Nordeste brasileiro (como cangaceiros e rendeiras), além de explorar o colorido e as imagens nacionais da fauna e flora.
Bandeira talvez seja aquele a adquirir maior projeção internacional e reconhecimento entre os críticos. Inicia sua carreira com trabalhos figurativos, mas que procuram fugir do típico e pitoresco, como indica a tela premiada no 3º Salão Anual Cearense, Cena de Bo-tequim (1943). O período parisiense (1946-1950) representa uma guinada de sua obra em direção à abstração. Isso se dá, fundamentalmente, pelo contato com as vanguardas - sobretudo com o cubismo e fauvismo - e pela participação no Grupo Banbryols. Os críti-cos datam justamente desse período (1948) sua adesão ao abstracionismo de corte in-formal, como em Paysage Lointan, 1949.
Entretanto, o próprio artista não se via como um abstracionista. Considerava-se um “impressionista novo”. Ao contrário dos ideais dos artistas abstratos, de subtrair completamente o tema e a representação de suas obras, Bandeira reconhecia que parte dos temas reais limita-se a uma mera reinterpretação de tais temas, algo como um “novo realismo”.

Hoje se percebe que a produção artística de Antônio Bandeira é caracterizada por uma diversidade estilística. Porém, as obras que mais se destacam pertencem a corrente estilística do expressionismo por diversos motivos, entre eles, pela interiorização da criação artística, projetando na pintura uma reflexão individual e subjetiva, ou seja, a obra de arte é reflexo direto do mundo interior do artista.
Bandeira era considerado abstrato, porque se inspirava no instinto, no inconsciente e na intuição para construir uma arte imaginária ligada a uma "necessidade interior". Sabe como os grandes mestres da pintura usar as relações entre cores, linhas e superfícies para compor a realidade da obra, de uma maneira "não representacional". No quadro Amazonas Guerreando, há uma deformação da realidade para expressar mais subjetivamente, dando vazão à expressão dos sentimentos mais do que à descrição objetiva da realidade.
Bandeira também bebeu da fonte do fauvismo (corrente do expressionismo). Se formos levar em consideração os princípios do movimento, a obra Amazonas Guerreando possui algumas características desse estilo. Exemplos não faltam para afirmar isso. A tela possui uma estética que obedece aos impulsos instintivos e as sensações vitais da vida, onde as linhas e as cores lembram o estado de pureza das crianças.
Amazonas Guerreando se apresenta quase plana, obtendo apenas comprimento e largura e baseando-se na força das cores. A cor, por sinal, é utilizada para delimitar planos, criando a perspectiva e modelando o volume. Porém, Bandeira tem uma preocupação excessiva com a composição, o que o diferencia de outros artistas do mesmo gênero.
Como Van Gogh, Bandeira também experimenta aplicar a tinta diretamente na tela, onde os vermelhos, os amarelos, os verdes antecipam o gosto moderno pela cor pura. Espatuladas e pinceladas fortes e rápidas como as de Van Gogh.

4.
Interpretação


As Amazonas eram mulheres guerreiras que se estabeleciam em uma espécie de repúblicas femininas. Símbolo da mulher livre, elas repudiavam o casamento e se recusavam a obedecer ou submeter-se ao domínio masculino, almejando participar da vida pública por seus próprios méritos.
Tendo como base essa informação e observando a tela Amazonas Guerreando, percebe-se que os círculos chamam a atenção e levam-nos a pensar que eles sejam as próprias guerreiras retratadas. Vejo também uma batalha com direito a lanças, cavalos e sangue. E por que não?
Para Antônio Bandeira, a pintura é um estado de alma que extroverte os sentidos, sem outro objetivo que não seja o de comunicar um sentimento, uma emoção, uma lembrança. Com cores fortes, mostra a urgência de uma expressão livre e de uma identidade nacional. Em Amazonas Guerreando, o rígido naturalismo dá espaço a hieróglifos intricados e enigmas orgânicos. Enfim, é uma transposição de seres, coisas, momentos, gostos, olfatos que vou vivendo no presente, passado e futuro. Inspiração e transpiração dosadas de poesia e equilíbrio físico e mental.

Bibliografia


Ostrower, Fayga, Universos da Arte: Rio de Janeiro: Campus, 1983.

ARNHEIM, Rudolph. Arte e Percepção Visual: uma Psicologia da Visão Criadora Imprensa São Paulo (SP): Pioneira Thomson Learning, 2005.

Vídeo Documentário TV Assembleia: Antônio Bandeira

Sites: Museu MAUC – UFC

Google – pesquisa sobre Acontecimentos Históricos Anos 50

Nenhum comentário:

Postar um comentário