Por Eduardo Girão (edujep@hotmail.com)
Além da Vida (Hereafter - Estados Unidos/França/Inglaterra - 2010) conta a história de três pessoas que vivenciam diferentes experiências com a morte. Matt Damon interpreta George, um operário americano que tem o dom (mesmo que renegado) de se comunicar com o sobrenatural. A outra personagem é Marie (Cécile de France), jornalista francesa que vê a morte de perto. Depois do incidente, ela passa a si questionar mais e a refletir sobre suas convicções. Por fim, os atores gêmeos Frankie e George McLaren atuam como Marcus e Jason, típicos garotos ingleses que, apesar da pouca idade, sofrem o drama da perda de um ente querido.
Para tentar desvendar os mistérios que cercam a morte, cada um deles segue seu próprio caminho rumo ao desconhecido. Porém, do meio para o final da trama, as histórias se interligam mostrando mais uma vez que Clint Eastwood, aos 80 anos, é um mestre em dirigir atores e filmes de diversos gêneros. As conexões entre as três personagens surgem naturalmente o que facilita a compreensão do público. Não é à toa que Clint é considerado hoje um dos maiores cineastas em atividade do mundo. Apesar de conter algumas cenas que lembram a doutrina espírita, o premiado diretor afirma que elas são meras coincidências e que ele tem apenas curiosidade sobre o tema.
Clint Eastwood se saiu bem ao deixar de lado a visão religiosa. Foi coerente ao manter em suspense as respostas confortáveis que todo mundo gostaria de ouvir sobre a morte. Superou-se ainda mais ao permitir que o espectador fizesse sua própria interpretação sobre os planos espirituais. Revelou subjetivamente que seu objetivo não é o de converter ninguém. Com a ajuda do talentoso roteirista Peter Morgan, Além da Vida tornou-se um filme inteligente, elegante e sutil; sem perder a dramaticidade das cenas capazes de arrancar lagrimas até do mais forte dos mortais. Uma obra sobre a complexidade dos seres humanos.
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